IX
 

Com o correr da evolução do ser humano, mais necessariamente nas suas iniciais formas, esse conceito foi mudando. Podendo o novo ser fazer de partes extremas de seu corpo, órgãos mais sensíveis e aprimorados, para melhor utilizá-los como elementos de transição que passariam aos poucos a desempenhar para impulsionar ou prender objetos, comandado pelo mesmo cérebro que possibilitou elaborá-los. Exemplificando, a mão e o braço humano, por sua sensibilidade alcançada passariam a ser utilizado como deflagradores de artifícios, os tornando, podemos assim dizer, comandos secundários e intermediários entre o cérebro que emitiu o pensamento e o objeto utilizado.

O alvo a ser atingido seria o efeito causado à distância. As armas e instrumentos do novo ser em desenvolvimento não lhe faziam parte, no sentido relativo e interdependência intrínseca do seu corpo, mas, antes sim, invenções criadas e impulsionadas por sua "alavanca" intelectual nascente.

Notaremos então, prosseguindo esse pensamento, na medida em que aumentava o desenvolvimento mental do ser, seu corpo correspondia a esse desenvolvimento exteriorizando-o em terminações sensíveis, como a pele e seus órgãos preênseis, fazendo-os corresponderem em sintonia com o novo estímulo que lhes seria enviado, de origem racional e, por isso, os tornando adequações hábeis e sensíveis para harmonizarem com os novos comandos transmitidos por seu cérebro. Consequentemente o aumento dessas áreas "sensíveis", vamos assim dizer, em seu corpo, tornavam-se "janelas" exteriorizadas para as ordens que necessitavam, por sua vez, devido ao seu novo grau de elaboração, de mecanismos de transmissão mais sofisticados para em traduzi-las.

Para tudo isso ocorrer, entretanto, teriam esses órgãos que se desfazerem, ao longo da evolução da nova espécie, de parte de sua capacidade muscular, trocando-o por um maior domínio da sensibilidade. Assim sendo, poderia esse ser criar ferramentas mais sofisticadas pois, suas terminações corporais estariam adaptadas para decodificarem esses estímulos agora racionais e transmiti-las ao artifício.

Todavia, frisa-se novamente, essa seqüência, causa – transmissão -, não ocorre nos seres dito instintivos, salvo condições peculiares, mesmo assim se ocorrer, será sem o sentido geral do ordenamento racional da espécie humana. Essa não ocorrência deriva de uma imposição do próprio ciclo, no qual evoluem e estão condicionados esses seres, não dando margem para uma maior abertura intelectual e consequentemente uma libertação bem maior de sua armação física. Armação essa que o aprisionou e insensibilizou numa escala indireta e seus dote cerebrais.

Não conseguiu romper essa interdependência, mente instintiva – arcabouço corporal reforçado, por uma contingência, como dissemos, da forma como evoluiu e que só ao homem foi permitido divergir.