XIII
 

Primordialmente, quando traçavam suas iniciais passadas evolutivas, nossos ancestrais depararam-se e venceram um obstáculo que lhes foi de importância essencial para manter a sua linha progressiva de desenvolvimento: o domínio da forma compulsória do instinto do medo, descrito acima. Do domínio desse instinto, nossa espécie ancestral adquiriu uma maior lucidez e conseqüente iniciativa racional.

Agora, de uma maneira até paradoxal, teriam que vencer o inimigo muito mais insidioso: a falta de conhecimento, que abasteceria sua racionalidade, induzindo assim, sobre os novos sentimentos, como o medo e muitos outros amadurecidos pela raça, proporcionando o não conhecimento permitir a dominação do indivíduo por essas emoções.

A nossa espécie antepassada, a partir de certa etapa de sua evolução, seguiria uma nova orientação para a seleção. Seleção essa, agora então, distanciando o ser de um enquadramento com o meio ambiente, e, mais do que isso, elevando-o a uma nova dimensão, onde essa forma de escolha se faria sentir no contínuo processamento da espécie, utilizando-se de pontos referenciais totalmente diversos e inusitados, até então, para capacitar o novo indivíduo, e dar continuidade ao seu desenvolvimento do novo cérebro.

Esses pontos referenciais que acima falamos, seriam na essência dessa nova seleção, tirados da própria disputa da espécie entre seus pares raciais, no embate em que se digladiavam quando, quebrando o isolamento dos diversos bandos, forma em que primitivamente viviam, lutavam entre si, sendo então, selecionados a sobreviverem os grupos mais organizados e consequentemente com uma estrutura intelectual mais elaborada.

Quando iniciaram aventurar-se nas planícies inóspitas, os primeiros ancestrais do homem decidiram, certamente, nesse momento de sua conduta desenvolvimentista seu próprio direcionamento, dentro da forma como passaram a evoluir, direcionamento que seria, pela própria congruência de diversos fatores simultaneamente inferidos, um direcionamento linear e progressivo, com características exóticas, no sentido em que a necessidade ocasional fez impor ao desenvolvimento dessa evolução. Notabilizando-se pela elaboração continuada do cérebro desse ser.

Todavia, o caminho linear que teve obrigatoriamente que tomar sua evolução, teria, com seu rompimento, a falência da espécie.

Consequentemente, esse caminho imposto foi desde o seu começo, um caminho sem direito a retrocesso. Na transcendência das fases iniciais desse desenvolvimento, conseguida por esses seres no tempo, sem dúvida, o mais importante foi a vitória conseguida sobre a dependência às variações do meio ambiente, responsável pela moldagem do perfil da raça.

Quando passou a não mais depender desses aspectos, o próprio processo evolutivo, como várias vezes falamos, teve que ser nela alterado, descartando as mutações genéticas, agora desnecessárias, desse mesmo processo em que evoluía essa original espécie. E, fazendo de seu artifício cerebral em desenvolvimento, paradoxalmente em parte conseguido por essas mesmas mutações que a raça, então, passou a não mais prescindir seu próprio substituto.

Dominando seu ambiente, a seleção natural, subproduto final da evolução, teve que, nesses seres ancestrais, encontrar novos parâmetros para situar-se e continuar influindo na necessária e progressiva evolução da espécie.

De forma resumida, chegamos novamente ao importante ponto que em páginas anteriores já tínhamos abordado: o referencial para a nova seleção e a conseqüente elaboração da "máquina pensante" da espécie humana antepassada.

Esse referencial, seria nessa espécie, a própria "máquina pensante" que nela era elaborada.

Assim sendo, a evolução no homem ancestral, para continuar processando-se, encontrou o contraponto para essa continuidade evolutiva, sem fugir, pelo menos na sua essência, da própria conduta básica de que era constituída a própria evolução. Sua linha mestra ainda era a mesma, nessa fase do desenvolvimento ancestral com que vinha atuando na natureza, desde quando, do início da vida no planeta, há milênios, a vinha trazendo incólume.

Todavia, a partir de certas etapas do desenvolvimento do homem, até a própria essência seria plasmada e orientada; orientação que ela própria moldou no decorrer da elaboração desse ser, e que agora, obrigava a direcioná-la segundo um sentido retilíneo e progressivo que na elaboração da inteligência de nossa espécie a faria dar saltos e a buscar soluções objetivas e lógicas, que lhe seriam, antes do advento do homem e seu cérebro, processos inimagináveis.