XII
 

Abrindo as iniciantes "rachaduras", podemos assim dizer, por entre instintos milenares e condicionadores, os antepassados do homem conquistaram também uma nova forma de expressão para sua memória, baseado na experiência que o novo ser passaria, então, a computar partindo de seu nascimento.

Sendo assim, o conhecimento começou a ser acumulado e utilizado como um novo meio de direcionar as ações do ser, baseada na análise das experiências armazenadas nesse novo dispositivo mental que a espécie adquiriu e desenvolvia, dando início à criação e escolha de novas alternativas para responder as situações também novas que surgissem a sua frente.

O primitivo ser, então, a partir dessa iniciante abertura de conscientização que o envolvia, passou gradativamente a possibilitar formular idéias próprias e inovadoras, de forma que, em consonância direta com elas regia agora seus novos atos.

Por conseguinte, individualizando-se cada vez mais dentro da unidade que compunha sua espécie, não refletindo mais em si todo o perfil da raça, mas, antes sim, contribuindo para a moldura diferenciada e interdependente, que sua própria crescente individualidade forjaria, na maneira que compôs a essência dessa identidade em uma das principais características da espécie.

O novo ser, então, já impunha sua vontade racional acima dos instintos condicionadores. "Domando", vamos assim dizer, essa primitiva expressão mental, que por muito tempo viera aprisionando-o ao meio natural. Consequentemente, esses mesmos instintos adaptavam-se gradativamente à nova ordem cerebral do ser, ou então seriam empurrados para os desvãos mais escuros do seu inconsciente, que ainda formava a imensa e desproporcional de seu cérebro.

Com o acúmulo de experiência, conseqüência de sua nova forma de memória, possibilitando reter o conhecimento formulado que ganhava a espécie.

A vontade desse novo ser passou a ser abastecida por essa experiência que ele armazenava em sua mente, fazendo, repetindo, analisando situações e escolhendo alternativas, baseada nesse mesmo código mental exótico que adquiriu. Sendo assim, o medo instintivo e primitivo passa ser dominado por sua "vontade", é utilizado como uma proteção irrefletida para os avanços de sua iniciativa racional, servindo, podemos assim dizer, como um "freio"; não deixando que a vontade própria, obtida pelo ser, o levasse a situações sem retorno.

Dessa maneira, como uma "mola" que fosse sendo retesada na medida em que o indivíduo obrigava a si próprio a caminhar por entre o perigo, vencendo o medo por sua vontade consciente de uma maneira irrefletida, simbolizado pela mola reprimida, como falamos acima, em determinado momento crítico para sua sobrevivência, momento esse inconsciente para o ser, o traria na forma de um reflexo condicionado, novamente para dentro de um limite de segurança tolerável.

Esse instinto tão importante, vital para seres irracionais e suas ordenações mentais monitoradas, na nova espécie, passou a ser um derivativo de origem atávica que ainda traz consigo a raça.

Agora, esse medo dito involuntário, seria na espécie humana, subdividido e descaracterizado na sua forma básica, derivando para um conceito novo que teriam a partir de então, os quais seriam: os sentimentos humanos. O novo conceito para esse antigo sentido, no caso do medo, seria a emoção do medo. Sentimento, mesmo assim, disposto a vontade racional do novo ser, que era "abastecida" pelo conhecimento prévio do perigo ou não, baseado esse conhecimento na experiência adquirida e armazenada.

Dependente de fatores externos e pessoais dentro da elaboração da individualidade de cada ser. Fatores esses formadores e, na maturação de sua intelectualidade, responsáveis pela identidade e personalidade desse mesmo ser quando adulto.

Então, um maior ou menor grau dessa emoção, como conclusão, dependeria desses fatores indutores.